segunda-feira, 30 de março de 2009

meus anseios;

Tava indo atrasada pro curso de espanhol, de sábado, já eram quase 9 horas.
Encontrei com a vizinha entrando no prédio. Uma senhora distinta, com quase 90 anos, que caminhava de braços dados a sua fiel empregada. Me deu 'bom dia', respondi sorridente.
Mas o dia nem era bom!
Pleno sábado, 9 horas da manhã, tempo chuva, 2 horas e meia de curso, toda cheia de remela e morta de cansaço.
Ok, prossegui meu destino.
Depois voltei... Ia deixar pronto um arroz, mas não aguentei e fui dormir.
15 horas da tarde, entro num estado de sono superficial... é que volta minha vó da casa da minha cumadre, toda alvoroçada, conversando a outra vizinha "vou ver se Dora está aí".
E ouço passos se aproximando e passos voltando... "não, não está! mas então a gente vai de ônibus", num tom exagerado, mas ela é assim mesmo.
Pensei de olhos ainda fechados "vai ver ela não quis dizer que estou em casa... melhor assim"
Então volta ela "ah, ela está dormindo! não vou acordar não, coitada, está cansada!"
E então eu abro os olhos lentamente, pouco mal humorada e digo "o que aconteceu?"
E ela num tom desesperado diz "a velhinha morreu!"
QUE VELHINHA???
Não podia ser.

Eu me recuso ir a enterros, depois do meu pai nunca mais coloquei meus pés num cemitério, mas aquilo realmente me chocou.
Pulei da cama e disse "eu levo vcs lá!"
Fui.
O clima é muito pesado. O caixão cheio de flores cobrindo o rosto me fez lembrar a última cena do meu pai. Igualzinho. Nada no universo é mais bizarro do que ver alguém fechar um caixão. Parece que a cena passa em camera lenta... Fiquei olhando, sem jeito, me deu uma amargura, vi uma idosa chorar muito e segurei o máximo que pude para não chorar mais que ela.
Inevitávelmente me remeteu a cenas que eu já havia deixado guardadas num lugar que minha memória não fazia questão de procurar.
Me afastei.
Pra não ser engolida pelos meus pensamentos mórbidos... Mas as mordidas foram inevitáveis.
Não é a idosa em sí. Ó, que lástima, juro...! Mas é o significado daquela cena. A representatividade... Poderia ser minha vó ou meu avô. Não poderia, Deus me ajuda.

Mas e o dia que for? Um dia será.
Não há preparos!
Estava o marido acompanhado dos filhos, e os filhos acompanhado de seus companheiros e próprios filhos. Vários amigos.
E comigo? Quem vai estar comigo?

Pra night, meu carro estaria sempre cheio se fosse minha vontade.
E pra minha dificuldade, quem seguraria meu pranto por livre e espontanêa vontade?
Quem me ajudaria a suportar a cena de ver fechar-se um caixão que carregaria o corpo das pessoas que eu mais amo nessa vida? Quem me confortaria? Acho que hoje isso me preocupa bem mais do que saber quem estará ao meu enterro.

Disse Nando "a vida é mesmo coisa muito frágil..."
As vezes me sinto tão só.
Uma pessoa só, rodeada de um monte de gente.
Meu espírito se sente só.
Eis a melancolia de sábado.

Julgo um certo alguém. Assim faço porque reconheço nele minhas próprias características, meus próprios defeitos... Por assim dizer, somos similares... Que merda!

Um comentário:

Bertoni disse...

para de sentimentalismo.. vc ta forçando!!


'sem churumelas, please?!'

Compromisso ético:

Detalhe SUPER importante sobre este blog:

O que está em roxo fui eu quem escreveu. O que está em vermelho, é de alguém, que eu li, curti e pensei "Caramba, que bacana! Eu queria ter escrito isso!".



* Preservo assim os direitos autorais alheios, posto que gostaria de que preservassem os meus.