Mulheres como eu

Toda mulher gosta de rosas, né Ana?
Eu não.
Tem cheiro que parece água de chuva. Passa a mão e se rasga. Murcham. Custam caro. Clássico demais. Não valem a pena.


Toda mulher gosta de ser mal tratada.
Eu não.
Sabe... Me encanta a gentileza, o romantismo, o carinho, a doçura... Me atrai o galante, o amante, o latino, o romantico, aquele que se entrega de-corpo-e-alma.
Não gosto de amores conflituoso, objetos sendo jogados contra a parede em sinal de revolta, de atrasos e esquecimentos, não gosto do segundo plano, do áspero e seco, não gosto. Não gosto.

Gosto de respeito, de bons tratos, de falar abertamente de sentimentos, de ser escutada, da safadeza cheia de cautela, da compartilhação de sonhos. Gosto de vinhos e champagnes, bonbons, cinemas, mãos dadas, abraços apertados, beijos homéricos, cafuné, canudos divididos, briga de travesseiros e controle remoto. Gosto da estrela e da lua, gosto de telefonemas incontáveis, juras eternas, lágrimas que se arrastam, medo de perder.

Ah, eu nunca vou gostar de um milk shake só pra mim, de não levantar o braço da cadeira do cinema pra me confortar no peito dele, de não ter em quem pensar ou pra quem ligar a noite. Nunca vou gostar da vitrine, da exposição, da incessante vida de caça e caçador.

Porque eu quero achar que é com ele com quem vou me casar e ter filhos conforme nossa vontade. Quero planejar meu futuro e acreditar que se realizará e quero então, morrer de ansiedade para que chegue logo. Quero pensar que ele vai me trazer café na cama, que o sexo vai continuar sendo daqui há 20 anos como é hoje, quero achar que em algumas sextas feiras ele vai me trazer rosas na volta do trabalho e me levar pra jantar.
Eu quero ganhar e fingir que gosto de rosas.
Quero acreditar que é pra sempre também.
Quero viver essa vida elucidante que chamam de amor, sem fingimentos.
Porque sou daquelas mulheres que acreditam que o amor... ah, o amor! O amor é a base da vitalidade.