quarta-feira, 17 de junho de 2009

palavras perigosas

Paulo Tonani diz (01:34):
*Dorinha!!!!!
Paulo Tonani diz (01:35):
*como anda sua vida amorosa??


A pergunta até gelou a garganta.
Primeira reação que tive foi de fechar a janela.
Uma hora dessas da manhã destrinchar aquilo que está tão bem compactado e enfurnado naquela caixinha de 7 chaves no alto do armário? Parece insano.
Eu até queria ter respondido, afinal o Paulo é o meu único ex que demonstra claramente uma preocupação comigo, um cuidado e um desejo que eu seja feliz. Mas sinceramente, essa questão não deve ser tocada.


Não deve.



Não deveria.
Que droga, como ele fez isso comigo?
Inevitável agora não ficar pensando...
E parece que uma parte de mim vai jorrando as informações e eu fico lá me contorcendo e multiplicando em mil mãos para tampar todos os buraquinhos e não permitir que a outra parte de mim, a que leria e entenderia, tome conhecimento delas.
Lutando comigo mesma.
Não quero saber da minha vida amorosa, da licença?



Não quero.



Nãaaaao quero!
E aí? Como vai a faculdade? Terminando, né? E aí, tá namorando ainda aquele menino?


Esse raio dessa pergunta.
Sempre vem como quem não quer nada... Mascarada por uma preocupação fajuta com minha vida academica, com minha vida familiar, a profissional... sempre chega no bendito suposto namorado.
E esse 'ainda'? Parece que a pessoa tá farta por mim.
O que eu responderia? "É, to com ele ainda", mas parece que a pessoa vai sentir pena de mim... Parece que ela quer escutar sonar entre meus dentes brilhantes e numa entonação contente e contagiante "Não, terminei, já tô com outro!!".

Se digo essa sentença inteira sacio o desejo dela em saber que eu sou tão problemática quanto ela no âmbito amoroso.
Se for meia sentença e parar na segunda vírgula, vem uma contraresposta facial de 2 sombrancelhas disputando o mesmo espaço central do rosto. Aquela cara de "Aé? Sério?", a mesma que Ana chama de cara-de-caneca.




blá, blá, blá...
Estou ouvindo Marisa Monte diariamente.
Comprei 1 livro novo que começo a ler semana que vem quando acabarem as provas.
Terminando com muito êxito o período na faculdade de 10 matérias, o CR continuará lá em cima...
Fechando uns contratos. É que a minha vida profissional tinha ascendido um caminho feliz, agora estou percorrendo ele.
Desatualizada em matéria televisiva.
Com limite de cartão de crédito estourado. Tudo gasto em sandálias, livros do curso de inglês (eu vou voltar para praticar), restaurantes com os amigos, farmácia, presente de dia das mães, posto, posto, posto, posto, posto... Nenhuma night.
É, tenho saído menos.
Estou uns 4 kg mais gorda e já não me confundem com ruiva.

Por que tenho que falar de namorado?
De ex namorado?
De que tô sozinha denovo.
Tá, não tô.
A gente tava junto do nosso jeito... Ele vivendo a vida virtual dele intensamente e eu a minha vida real mais intensa ainda. Tanto é que ele se entitula nerd e me identifica como workaholic. Tava gostoso, sabe? Eu trabalhava e estudava horrores, aí chegava em casa e tinha ele pra me dar boa noite, me dar um carinho, dormir comigo, me fazer bem.
Até que percebi que eu tava sentindo falta dele me procurar também. Mas era fácil saber porque: eu tava procurando ele demais e sem dar tempo para que ele pudesse me procurar. Pra que me ligar se eu já havia ligado ou se quando ele pensasse em me ligar eu já estava ligando? Né?
Ai dei um tempo. Um tempo mudo. Sem comunicar. Na terça.
Ai na quarta à noite as coisas ficaram bem esquisitas. É que ele me ligou num tom meio de desconfiado querendo saber onde eu tava, com quem, pra que... E eu tava no cinema, com as meninas, num típico programa que inventamos para nossas quartas -feiras. Irado.
Ele disse "Olha só, tenho uma coisa pra te falar...".
E eu já me vesti da capa de proteção e já estava pronta para defender de qualquer coisa que ele dissesse ou........ calma!
"...percebi que eu sempre te amei e que você é a mulher da minha vida"
Foi o que se seguiu da sua frase.

Juro.

Reação?
Cara-de-caneca. Aquela cara de "É?"
É.
Ele disse, suscintamente e desligou.
Perfeito.

Quinta feira, depois do trabalho, volto a minha rotina de deixa-que-eu-procuro e ligo pra casa dele e "oi dorinha... ele foi ao médico".
Médico? Que médico?
"Ok, ligo pro celular então.Beijinhos!!"
Médico?!
"tô no médico".
Médico?!
"médico, depois a gente se fala. beijinhosss"
Médico?!
Beijinhos.

Nada disso.
Como assim médico? Médico de que? Por que?
Que sensação esquisita... Ele tá com alguma mulher! Eu tenho certeza que está! Meu instinto está me avisando, quando sinto meu coração dobrar desse jeito é porque ele está me enganando... Eu sei que está!!!!!
97003....disk again.
"Oi, sabe o que é? Tava pensando em ir praí. Te ver".
"Ham? Não precisa... vem amanhã, amor."
Amor! Ele não me chamaria de amor na frente de outra mulher. Né?
"Ok, então tá... Qualquer coisa me liga, tá? Vou pra faculdade, beijinhoss".
Ufa!
O coração voltou a sua forma original.


A sexta chegou.
Sexta dia 05.
Fui pro estágio de RH...
Fui pra aula da Inês apresentar um trabalho sobre Esquizoanálise.
Fui pra casa, almoçar.
Cochilo básico e corro pro trabalho atrasada. SEMPRE atrasada!!
Novidades super legais no trabalho, fechei o contrato com os vendedores. Vou sair de subalterna para superiora. Miss Independent!!!!!
Preciso contar para alguém... Quem? Quem?
Ele!
Chamando.
Chamando.
Chamando.
"Sua chamada foi enviada para caixa de mensagens e estará sujeita a cobrança após o sinal".
Ok, né!

3 horas depois...
"oi, me ligou?"
"é... liguei. Queria te contar novidades... Tava fazendo o que?"
"dormindo".
"legal..."
"que novidades?"
"ah, é que..." e conto tudo.
"legal..."
"então é isso. Beijinhoss"
"beijo"

19 horas
Cheguei em casa, msn.
DORA, VAMOS PRA RED HJ?
Fulana chamou sua atenção.
Fulano chamou sua atenção.
Muitas Fulanas chamaram sua atenção.
Muitos Fulanos chamaram sua atenção.
TODO MUNDO chamou sua atenção.
- Sabe o que é gente, eu acho que vou sair hoje com meu ex.
Acha?
É, acho. Sei lá.
Por que não liga e pergunta?
Ah, não. Melhor não.

20 horas
Faculdade.
21 horas
22 horas. Voltar pra casa. Tomar banho e... sair ou ex?
23 horas e estou enrolada na toalha sem saber se coloco uma combinação confortavel, um pijama furado ou uma blusa de paetê arrasadora.
23:10 horas celular toca.
"oi, e aí, tudo bem?"
"tudo"
"hum...fazendo o que?"
"nada. de toalha, pensando no que vestir"
"hum...amor! pega um filme legal e trás aqui pra gente ver!"

Cara-de-caneca o retorno 3.

Pausa.
Silencio completo.
Estufo o peito de coragem e metralho de uma vez confiante:
Sabe o que é? Ah, sinceramente... Não to conseguindo levar assim. Preciso de um minimo, mas parece que quanto mais o tempo passa mais a gente tá se tornando menos íntimos. Não tive nem coragem de te ligar hoje pra perguntar o que faríamos... Fiquei com medo de estar sendo inconveniente, medo de não gostar da sua reação... Não to te sentindo, sabe? Desculpa, pra mim não tá dando, não me sinto capaz... Parece que é atoa e se é atoa, sinceramente, não precisa ser.

- Dora, as coisas são do jeito que são e é isso que eu tenho pra dar. Não vão mudar.

Ok, então. Não vou pedir também.

- Ta bom então. Se mudar de idéia, trás o filme e vem pra cá.

Tá.

Mudar de idéia é o caralho. Eu quero que vc e seu orgulho vá pra puta que pariu. Quero que tudo se exploda, quero me explodir, quero que vc se dane, quero que vc suma e desapareça para sempre e....
Telefone chamando.
Ele se arrependeu!!!!
- ALÔ! DORA! FINALMENTE! VAMOS PRA RED?
Oi Pamella... Po, to boladaça, terminei com ele pela 39284902890 vez.. mas, quer saber de uma coisa? Vamos! Foda-se tudo!
- OBA! ISSO AI!! ESQUECE ELE!
Esquece ele... Esquece ele... Como se fosse fácil.
Esqueci.

5 h da manha, msn.
E eu vivo isso isso e isso.
- Esquece ele.
Não dá.
- Dá sim, arruma outro.
Não tenho outros.
- Como não? Nem um peguetinho?
Não.
- Nem unzinho de stand by?
Não.
- Porra! Por que? Todo mundo tem um peguetizinho...
A última coisa que eu queria agora era me sentir um ET.

Eu namorei 1 ano e meio e há 1 ano estou separada.
Mentira, estou há 1 ano junto.
Nunca nos separamos.
Não é uma história linda de amor, é uma historia maluca de 2 pessoas que não conseguem se desvinciliar mesmo sendo óbvio a diferença entre os dois de personalidade. Uma afinidade que inexiste. Os dois guardam kilos de mágoas estocadas pelo outro no seu interior. Os dois se odeiam, os dois devem fingir que se amam. Por nenhuma razão plausível e a única justificativa que encontro é que nenhum dos dois encontrou ainda nada melhor. Ou que os dois fantasiaram tanto o relacionamento e mascararam dando um aspecto de princesismo que fica tão enraizado na essencia do relacionamento que ambos acreditam, mesmo que por outro lado, ambos saibam que nada disso é real. Uma ambivalencia constante de sentimentos. 1 homem e 1 mulher que ora se amam e se desejam, ora se repugnam e se odeiam. Eu e ele. Fim!

- Relaxa. Amanha vamos sair e vamos zuar. Sua vida vai mudar.
Ok, tentaremos.

Sabado, 18 horas.
Confirma ele:
- Vamos, né?
Chamada em espera de amigos: Estou te esperando aqui!!
Detalhe: E nenhuma chamada dele.
Fui pros amigos e fui pra este novo ele. De leste a oeste em 45 minutos. Fui!
E o novo ele tava tão perto do outro, mas tão perto que deu lembranças, deu depressão, deu calafrios.
Esqueci.
Esqueci e me entreguei ao novo ele. Deixei-me facilmente conduzida pelo falso romantico que só estava sendo meu amigo me ajudando a retirar um problema da minha vida.
O novo ele atrevido diz confiante: Vou fazer vc esquecer de vez esse velho ele.
Ok, pago pra ver.
Pago mesmo.


Aceita cartão?

Domingo passa em pretas nuvens.
Confecção de trabalhos para a faculdade.
Organização da semana.
Sono e sonhos.
Não sai, não liguei, nãofalei, não procurei. Todos os verbos são conjugadas de forma negativa. Nada fiz. Exceto estudar, dormir e comer.

Segunda, dia de branco.
Só se foi pra vc.
Estagio pegando pela manhã.
Sono a tarde.
Faculdade. Prova de 40 questões e aula dos 27% de ausencia.
Telefone sonando... "Velho ele chamando".

Aceitar?
Recusar?
Aceitar!
"oi"
"oi"
"que foi?"
"ta aonde?"
"na faculdade, por que?"
"porque vc nao acha que a gente precisa conversar?"
"acho. te encontro na praça do rink em 3 minutos. de carro. beijinhos"
"beijo"

Fala!
Aliás, antes que vc fale, sai sexta, saí sabado, fiquei com o novo ele... aquele que te levou pra rave e te disse para me esquece, pois no mundo haviam muitas, quando terminamos e...
"sério?"
Sim
"não temos mais nada para conversar. perdi a vontade."

Fudeu!
Como assim?
Que mania ridicula é essa de me cozinhar a forno brando sem me colocar fermento e esperando que eu cresça milagrosamente?

O problema é que a gente namora sem dizer que somos namorados.
Namoramos sem contratos.
Não tem as regras dos namorados ditas, explicitas, claras.
Mas tem.
Diz que não tem.
Mas tem.
Segue-se a esta regra como se fosse quesito. Se preenche segue, se não preenche cancele.

Nos entendemos!
Sabe-se lá porque.

E terça nos falamos pelo telefone
E na quarta nos vimos. Restaurante e dormir juntos.
Quinta foi niver da mamãe dele. Nos vimos denovo.
Sexta foi... dia dos namorados.
O dia todo sonhando com essa sexta.

Hoje não vou sair, sabe? Vou ficar com o velho ele.
- Legal.

Sexta dia 12 eu sabia que ia ficar com ele!
E podia ligar quantas vezes quisesse.
E mandar quantos SMS quisesse.
E continuar o clima lindo que se instaurava.
Assistimos um filme e... fomos dormir. Fomos não, eu fui. Ele ficou no computador.
Feliz dia dos namorados.
=/

Sábado eu desencanei.
90% de mim desistia do velho ele denovo... 10% fazia questão de estar ali e manter, para não chorar nem sofrer denovo.

Domingo perguntei se fiz errado em ir embora e sair pra amiga em comum.
Contei que não havia brigado nem reclamado. Mas que me sentia triste.
Ela ficou do meu lado.
Linda. Amigas sempre apoiam.
Ficou claro depois... muita expectativa que ele alimenta quando volta apaixonado. E depois essa paixão se perde em algum canto que fica só parte dela. Sustentando a pão e água quem ontem comia livremente de todos os frutos do paraíso.
Dessa vez a culpa é dele.

E como vai minha vida amorosa?
Não saberia lhe explicar.

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Compromisso ético:

Detalhe SUPER importante sobre este blog:

O que está em roxo fui eu quem escreveu. O que está em vermelho, é de alguém, que eu li, curti e pensei "Caramba, que bacana! Eu queria ter escrito isso!".



* Preservo assim os direitos autorais alheios, posto que gostaria de que preservassem os meus.