segunda-feira, 16 de abril de 2012

Brincadeiras e Culturas

O conceito de brincadeira é entendido em seu aspecto livre ou sob a forma de jogo com regras, possuindo função simbólica e funcional. Já a cultura, refere-se à organização estrutural de normas sociais, rituais, regras de conduta e sistemas de significado compartilhados pelas pessoas que pertencem a um certo grupo etnicamente homogêneo.

Pensamos as brincadeiras tradicionais infantis como parte integrante da cultura lúdica. Ela é transmitida de geração em geração expressando valores e diferentes concepções. Diante das transformações sociais, do advento da televisão e principalmente, dos brinquedos eletrônicos garantindo a atenção das crianças atualmente, percebemos a falta e a necessidade do resgate destas brincadeiras. Segundo Fantin, Resgatar a história de jogos tradicionais infantis, como a expressão da história e da cultura, pode nos mostrar estilos de vida, maneiras de pensar, sentir e falar e sobretudo, maneiras de brincar e interagir. Configurando-se em presença viva de um passado no presente. A brincadeira tradicional infantil, uma das representações folclóricas, baseada na mentalidade popular, expressa-se, sobretudo, pela oralidade, é considerada como parte da cultura popular. Neste sentido, a brincadeira tradicional é uma forma de preservar a produção cultural de um povo num certo período histórico.

No entanto, essa cultura por ter caráter não-oficial, não fica cristalizada para conhecimento das novas gerações. Posto ser de forma oral que ela vai passando de geração em geração, a brincadeira está sempre em transformação, incorporando criações anônimas no momento que vão se sucedendo. Não se conhece a origem da amarelinha, do pião, das parlendas, bem como, seus criadores são anônimos. Sabe-se apenas que provêm de práticas abandonadas por adultos, de fragmentos de romances, poesias, mitos e rituais religiosos.

Todas as crianças que estão dentro da escola, estão ali para estudar e aprender, mas também desejam ter seu momento de lazer junto aos seus amiguinhos na hora do recreio. E quando chega a tão esperada hora de brincar, todas as crianças correm à procura dos brinquedos do pátio. Algumas entendem aquele lugar somente como uma grande área livre repleta de brinquedos e entretenimentos, pois ali ficam livres com seus amigos à percorrer e descobrir de maneira espontânea. Em alguns casos, pode haver um recreador para direcionar uma proposta de atividade.

Existem brincadeiras e brinquedos que as crianças de hoje conhecem, que passaram pelo desenvolvimento de geração em geração nesse movimento oral citado. Hoje vemos que estas brincadeiras fazem parte da cultura do nosso povo e que marcam a história aqui vivida. Sabemos, por exemplo, que os índios que viviam no Brasil antes do seu descobrimento, utilizavam uma trouxa de folha cheia de pedrinhas que eram amarradas numa espiga de milho. Brincavam de jogar essa trouxinha de um lado para o outro e a chamavam de pe’teka, que em tupi significa bater.

Também temos a brincadeira de amarelinha, que vem de origem francesa, chegando ao Brasil e rapidamente tornando –se popular. A brincadeira consiste em um desenho formado por blocos quadrados numerados de 1 a 9, com um semicírculos nas extremidades que são jogados uma pedrinha e a criança salteando por ali deve obedecer o limite de cada bloco. Trabalhando assim, a psicomotricidade e equilibrio da criança.

Outra brincadeira antiga e que existe até hoje, a pipa, que teve origem 1000 anos A.C . Foi utilizada como forma de sinalização, mas ao chegar ao Brasil, trazida pelos portugueses, a pipa tornou-se apenas uma forma de diversão entre a garotada. Ela voa atrás do vento e é controlada por um fio que permite o condutor deixa-la cada vez mais alta ou mais baixa, mudar sua direção.

Temos também a brincadeira de ciranda, que é a dança mais famosa do Brasil, trazida de Portugal como dança adulta, mas logo sofreu transformação e passou a alegrar as brincadeiras infantis. É bastante utilizada nas escolas de educação infantil, parques, espaços de brincadeiras e assim prezando pelas mais antigas, passando às para as novas gerações, mostrando sua importância folclórica e cultural.

Outras brincadeiras como salada mista, cabra cega, pique (esconde, alto, baixo, pega), casinha, bambolê, pula corda, fizeram parte da vida de muitas gerações e hoje são recordadas com carinho, mas ainda hoje persistem nas brincadeiras de nossas crianças. Muitos pais passam essas brincadeiras para seus filhos e eles brincam nas escolas, ruas, playground e pracinhas de lazer com seus amigos.

Recordar as brincadeiras e os brinquedos tradicionais, muitas vezes nos faz lembrar de tempos difíceis em que havia poucos e raros brinquedos. Afirmamos isto diante da grande variedade de que atualmente dispomos.

Reportamo-nos ao tempo em que era mais valorizado o processo de construção e reconstrução de brinquedos e das brincadeiras, onde o mais importante não era o produto final, aquele pronto e acabado. Lembramos de quando éramos crianças: “ter a casinha arrumada” não era o objetivo final. A criatividade em procurar objetos para arrumar a casinha parecia-nos mais interessante do que a brincadeira em si na casinha.

Especialmente nas décadas de 1930, 1940 e 1950, quando ainda não eram muito populares os meios de comunicação, percebe-se que as brincadeiras estavam mais relacionadas aos sentidos, à percepção da natureza. Nos dias de hoje, o aspecto visual, como a televisão e os brinquedos eletrônicos, que influenciam no repertório das brincadeiras infantis, é bem mais estimulado e imposto pela sociedade capitalista e de consumo.

Concordamos, portanto, que as brincadeiras tradicionais infantis são fontes enriquecedoras enquanto resgate da cultura e prática do lúdico na constituição de grupos.

É interessante nesse ponto destacar que é dever dos pais ficar atento em tudo que seus filhos fazem quando estão brincando com seus amigos sempre. Alguns pais não tem atenção aos seus filhos e sem notar a brincadeira deles evolui para brutalidade, violência entre eles. É preciso a supervisão e orientação dos pais, para qualquer idade. Essa interação de pais e filhos é muito importante e sempre positiva. Preservado esse momento familiar, sempre haverá o resgate das boas e velhas brincadeiras tradicionais e assim perdurarão para as gerações que ainda não vieram.

BIBLIOGRAFIA:

1. WWW.brasilescola.com/cultura/brincadeiras-culturais.com

2. http://www.ced.ufsc.br/~zeroseis/brincar3.html

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